Pessoas On-line
- Escrito por Rev. Daniel
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“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”(Pv. 4:23).
Santo Agostinho disse que, se queremos conhecer uma pessoa, não devemos perguntar a ela o que faz e sim, o que mais ama. Para ele, são os afetos que definem nossa identidade, e não nossa funcionalidade.
Infelizmente, no mundo pós-moderno, as pessoas são definidas por suas funções e papéis que desempenham.
O que fazemos é o que define quem somos. Por isso, temos a tendência de valorar as pessoas a partir de seus postos. Quanto maior sua função, maior o seu valor. Desta forma, deixamos escapar a essência e nos perdemos na trivialidade. No entanto, essa tendência sobre a qual a sociedade caminha entra em choque com as verdades eternas, pois, de fato, o coração é o grande palco da existência humana.
A metáfora do coração aparece mais de 850 vezes na Bíblia hebraica, contrastando com nosso mundo cada dia mais racionalista. O próprio significado do amor foi reduzido a um conceito puramente científico. Para os especialistas, amar é ter explosões de dopamina (hormônio que produz a sensação de prazer). Entretanto, definir o amor numa equação matemática é um reducionismo frio e sem precedentes. Pascal disse que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Na Bíblia, o coração é mais que um músculo. Seus movimentos não se resumem a intermináveis sístoles e diástoles. Trata-se de um lugar secreto, a caixa preta da existência humana. O lugar onde os desejos são forjados e anseios são alimentados (Tg 4:1-3).
O mundo está com o coração adoecido. Uma sociedade insensível, anestesiada pelos atrativos e prazeres da vida. As músicas sobre amor são uma expressão pálida de um mundo que desaprendeu a amar. Dostoievski, no romance Os Irmãos Karamazov, afirmou que o inferno é o sofrimento de ser incapaz de amar. Diante disso, precisamos redescobrir o caminho de volta. O cristão precisa passar por um processo de desintoxicação e mergulhar nas águas límpidas da Escritura. O autor de provérbios disse acertadamente que devemos guardar o coração. A partir desse versículo podemos extrair alguns ensinamentos, quais sejam:
1 – A primazia do coração. “Sobre tudo o que se deve guardar...”. O coração deve ser nossa preocupação primeira. Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, mas reside num coração contrito. O coração é a verdadeira morada do Altíssimo, a residência do Espírito Santo.
2 – O cuidado com o coração.“... guarda o coração”. Nosso coração deve estar guardado, protegido e bem cuidado. Há pessoas que entregaram o coração a Mamon e foram possuídos por desejos torpes. Não podemos deixar que nosso coração seja invadido pelo mundo. Por isso, é preciso guarda-lo.
3 – O valor do coração.“... porque dele procedem as fontes da vida”. O coração é o lugar onde os nossos anseios mais secretos são construídos. As motivações e o anelo da alma encontram sua gênese ali.
Diante disso, façamos da oração do salmista o nosso clamor diário: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmo 139:23-24).
Rev. Daniel Sampaio Mota